CURIOSIDADES
DA JUSTIÇA
Conjunto de quinteiro de bronze
A imagem retrata um conjunto de quinteiro em bronze do século XVIII, composto por uma balança de metal usada para pesar ouro e pesos de diferentes tamanhos. O quinteiro, com formato de pote, tampa e alças, era utilizado para armazenar as medidas de peso do ouro em pó, fundamentais para a cobrança do “Quinto” pela Coroa Portuguesa. Esse imposto correspondia a 20% de todo ouro e outros minérios, como o ferro, extraídos nas colônias portuguesas. No caso do Brasil, ainda sob domínio colonial, a arrecadação do Quinto era uma das principais formas de financiamento da metrópole.
A administração dessa cobrança era responsabilidade do Intendente da Casa de Fundição, que centralizava a arrecadação e o envio do ouro às Casas da Moeda. Lá, o metal era fundido e aproveitado pela Coroa de Portugal. Durante o Ciclo do Ouro no Brasil, o uso do quinteiro foi particularmente relevante nas regiões de Goiás e, posteriormente, em Minas Gerais, principais polos de exploração do ouro.
A alta tributação gerava descontentamento entre os colonos e foi uma das causas da Inconfidência Mineira, também conhecida como Conjuração Mineira, em 1789. Esse movimento separatista, ocorrido na Capitania de Minas Gerais, buscava proclamar uma república independente e abolir as dívidas da Capitania com a Fazenda Real, diretamente relacionadas à cobrança do Quinto. Contudo, o movimento foi reprimido, resultando no enforcamento de seu líder, Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes.
O peso do imposto deu origem à expressão popular “Quinto dos Infernos”. Segundo o Dicionário Informal, a frase teria surgido da reação dos mineradores indignados, que, ao serem cobrados, respondiam ao arrecadador: “Vá buscar o quinto nos infernos!”. A expressão persiste até hoje como sinônimo de algo excessivamente oneroso ou indesejável.