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O caso Cabo Henrique:
A guerra dos Calheiros contra os Omena
José Henrique da Silva, conhecido como Cabo Henrique, ex-cabo da Polícia Militar de Alagoas e membro da família Omena, ficou marcado na história do estado devido ao conflito entre as famílias Omena e Calheiros. Ele foi apontado como responsável por vários assassinatos de membros da família rival. No entanto, sua vida foi ceifada em 4 de julho de 1987, na cidade de Alto da Floresta, no Mato Grosso, em um contexto que nada tinha a ver com a antiga rixa familiar.
Nesse dia, Cabo Henrique exercia a função de chefe de segurança da Mineração Jaruana. Às 15h, recebeu um chamado dos empregados da mineradora para intervir em um conflito com um grupo estimado em 150 garimpeiros, que se mostravam inconformados com a proibição imposta pelo patrão de Henrique, a qual vetava a exploração de ouro e outros minérios.
Na tentativa de negociar com os garimpeiros, a situação escalou rapidamente e culminou em um violento conflito, durante o qual Henrique foi executado a tiros de metralhadora. Na tragédia, também perderam a vida os engenheiros Gustavo Guimarães Rodrigues e Luiz Alberto de Cunha Carvalho. A chacina foi divulgada pela imprensa apenas uma semana após os acontecimentos, através do Jornal do Brasil. O corpo de Henrique foi sepultado no cemitério Boa Sentença. Na ocasião de sua morte, o ex-cabo estava prestes a completar 40 anos de idade.
O conflito
Após vingar a morte de seu pai, testemunhar o assassinato de seus irmãos e escapar de diversas emboscadas e atentados, Cabo Henrique deixou Alagoas, fugindo com a esposa e os filhos para a cidade de Santa Rita, na Paraíba. Nesse período de exílio, escreveu o livro "Por Amor ao Nosso Pai”, que traz na capa fotografias dele, de seu pai Silvino e de seus irmãos Ivanildo, Antônio, Ailton e Everaldo.
No livro, o ex-cabo narra o assassinato de seu pai, Silvino Henrique da Silva, descreve a rivalidade entre as famílias Omena e Calheiros e discorre sobre a atuação do chamado Sindicato do Crime.
Após algum tempo na Paraíba, Henrique mudou-se para o Rio Grande do Norte, onde trabalhou como chefe de segurança antes de se mudar para o Mato Grosso, onde foi assassinado em 1987.
Omena versus Calheiros
O estopim do conflito entre as famílias Omena e Calheiros, um dos maiores confrontos registrados na história de Alagoas, resultou em tragédias ao longo de quase uma década. O assassinato de Silvino Henrique da Silva, pai de Cabo Henrique, é considerado o ponto de partida da discórdia. Silvino foi morto, juntamente com três outras pessoas, incluindo uma criança, na Fazenda Jundiá, no município de Pilar, no dia 21 de dezembro de 1978, pelas mãos de Ernesto Calheiros e do soldado da PM Antonio Felizardo.
O episódio, conhecido como "chacina na Fazenda Jundiá", ocorreu por volta das 16h30, quando Ernesto e o soldado executaram as vítimas sob a suspeita de roubo de porcos. Silvino teria adquirido os porcos roubados sem saber que os animais pertenciam a Carlos Alberto, conhecido como "Carlinhos da Adega", amigo de Ernesto e proprietário de um restaurante, o “Adega do Trapiche”.
No mesmo dia, Cabo Henrique foi ao restaurante Adega do Trapiche, no bairro Trapiche da Barra, na região Sul de Maceió, e assassinou o fazendeiro Ernesto Calheiros dentro de sua caminhonete. Ernesto acabara de estacionar o veículo, conduzido por seu filho, Ernestinho, e acompanhado pelo soldado Felizardo, quando Cabo Henrique, que estava no local ciente de tudo que ocorrera, disparou dois tiros de revólver calibre 38 na cabeça da vítima, matando-o instantaneamente.
Era o início de uma verdadeira guerra e de uma sequência de assassinatos onde tombariam membros das duas famílias, a exemplo de Paulo Calheiros, assassinado a tiros, no dia 1º de junho de 1981, por Ailton Omena Silva, irmão do cabo Henrique. Ailton foi assassinado no dia seguinte por membros da família Calheiros e agentes da Secretaria de Segurança Pública, que tinha à frente o coronel Amaral, inimigo declarado do cabo Henrique.
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