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Caso Tobias Granja

15 de junho de 1982

O jornalista e advogado Francisco Guilherme Tobias Granja foi assassinado no dia 15 de junho de 1982, aos 37 anos, na Rua das Árvores, no centro de Maceió. Ele estava saindo de seu escritório quando foi atingido com um tiro na nuca. Tobias Granja foi o advogado responsável por absolver, numa brilhante defesa, o cabo Henrique pela morte de Ernesto Calheiros, ocorrida em 21 de dezembro de 1978, no início da guerra das famílias Omena e Calheiros.

Granja também foi responsável pela absolvição do irmão de cabo Henrique, Antonio Omena da Silva, ex-soldado do Exército, que se encontrava com Ailton e Henrique no momento do crime em que foi vítima Paulo Calheiros (irmão de Ernesto). Desde então, abraçou a causa dos Omena, em uma atitude de lealdade e destemor, tornando-se alvo da família rival.

O Cabo Henrique reconhecia a dedicação e deixou isso explícito num bilhete datado de 22 de maio de 1982, após fugir espetacularmente do Quartel da PM, onde estava detido: “Meu caro doutor Tobias, por você eu faço qualquer coisa. Você não é somente meu advogado. É meu irmão, é tudo para mim. Longe de meu Estado, de minha família e de meus amigos leais como você, sinto saudades e tenho vontade de voltar. Mas, quem sabe, um dia voltarei para Alagoas. José Henrique da Silva”.

Vingança e morte do Tenente Cavalcante Lins

O Cabo Henrique não esperou que a lei fosse cumprida e resolveu vingar a morte do advogado Tobias Granja. O alvo escolhido por ele foi o Tenente Cavalcante Lins, também da família Calheiros e bastante temido no estado. Para cabo Henrique, ele quem teria planejado o crime de Tobias Granja, além de já ter contra ele denúncias por vários outros crimes.

A vingança foi consumada no dia 13 de julho de 1982, menos de um mês após o assassinato de Tobias Granja. Cavalcanti foi morto dentro do seu fusca branco na esquina da Praça do Montepio, a poucos metros do Quartel da PM, de onde tinha saído minutos antes.

Desdobramentos

Tobias Granja, quando morreu, era candidato a deputado estadual pelo PMDB. Seu assassinato motivou forte reação dos jornalistas alagoanos, que tinham Denis Agra à frente do sindicato da categoria. O Sindicato dos Jornalistas, a OAB e outras entidades da sociedade civil denunciaram o clima de insegurança e a pistolagem institucionalizada no Estado.

Dagoberto Calheiros foi acusado e indiciado por ser o mandante do crime. A execução foi atribuída a Nezinho, que contou com o apoio de Napoleão. Dagoberto e Nezinho foram julgados e condenados pelo crime, mas ficaram na cadeia cerca de sete anos e tiveram redução da pena por bom comportamento. Napoleão fugiu logo após o assassinato e, por isso, nunca foi julgado.

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