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Assassinato de Delmiro Gouveia

10 de outubro de 1917

Delmiro Gouveia nasceu em 5 de junho de 1863, na cidade de Ipu, no Ceará. Em 1868, mudou-se com a família para Goiana, Pernambuco, e em 1872, estabeleceu-se no Recife, onde começou a trabalhar aos 15 anos. Ainda jovem, iniciou sua trajetória empresarial negociando peles de cabra e ovelha no comércio local. Em 1896, fundou a empresa Delmiro Gouveia & Cia, conquistando espaço no mercado e superando concorrentes do ramo. Contudo, seu sucesso enfrentou resistência, especialmente em confrontos com o então governador de Pernambuco, Sigismundo Gonçalves.

Exílio no Sertão e a ascensão industrial

Em 1902, Delmiro deixou Pernambuco e refugiou-se no povoado de Pedra, no coração do Sertão Alagoano, localizado estrategicamente na Microrregião do Sertão do São Francisco, na fronteira entre Pernambuco, Sergipe e Bahia. Hoje, essa localidade é a cidade de Delmiro Gouveia, batizada assim em sua em sua homenagem.

No povoado, fundou a “Fábrica de Linhas Estrela”, a primeira fábrica de linhas de costura do Brasil, alcançando grande sucesso no mercado. Para suprir as necessidades energéticas de sua indústria, inaugurou, em 1913, a Usina de Angiquinho, a primeira hidrelétrica do Nordeste, localizada em Paulo Afonso. Essas iniciativas impulsionaram o desenvolvimento econômico da região, mas também despertaram a oposição de coronéis locais e da influente fábrica inglesa Machine Cottons.

O assassinato e repercussões

Reconhecido como um dos pioneiros da industrialização brasileira, Delmiro Gouveia foi assassinado em 10 de outubro de 1917, aos 54 anos, enquanto lia jornais em sua varanda no povoado de Pedra. Ele foi alvejado por disparos de rifle, mas os mandantes do crime jamais foram identificados.
Três pessoas — José Inácio Pia, Róseo Moraes do Nascimento e Antônio Félix do Nascimento — foram condenadas a 30 anos de prisão como autores materiais do crime. No entanto, após 66 anos, uma revisão do processo revelou um dos mais graves erros judiciários do Brasil.

Revisão do caso e inocência

Em 1982, a revisão do caso foi iniciada pelos descendentes de Róseo Moraes. O Tribunal de Justiça de Alagoas reexaminou as provas com o auxílio dos advogados Antonio Aleixo Paes de Albuquerque e Moacir Medeiros Sant’ana, também historiador. Eles demonstraram que os acusados não estavam no povoado no dia do assassinato.

Embora, à época, os acusados tenham apresentado testemunhas que corroboravam sua inocência, as investigações foram negligenciadas pela polícia, e os verdadeiros culpados nunca foram identificados.

Tortura e reabilitação judicial

Róseo Moraes foi brutalmente torturado para confessar um crime que não cometeu. Ele nasceu no povoado de Brejo Santo, Ceará, e faleceu em Maceió, em 24 de março de 1979. Quatro anos após sua morte, a Justiça reconheceu sua inocência, assim como a de José Inácio Pia e Antônio Félix do Nascimento.

Esse episódio marca um dos casos mais emblemáticos de injustiça no Brasil, destacando a fragilidade do sistema judicial da época e a luta por reparação histórica.

Legado de Delmiro Gouveia

O pioneirismo de Delmiro Gouveia continua sendo uma referência para o desenvolvimento industrial do Nordeste e do Brasil. Sua visão empreendedora e coragem para enfrentar adversidades deixaram marcas profundas na história econômica e social da região.

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