10 de maio, dia da memória do Poder Judiciário

Elisabeth Carvalho Nascimento (26.03.1951) Nasceu em Delmiro Gouveia (AL). Concluiu o curso de Direito na Universidade Federal de Alagoas em 1975. Foi a primeira mulher a ser convocada para o TJ/AL e também a primeira a compor o Pleno do TRE/AL. Dia 22 de setembro de 2002, foi promovida, por merecimento, ao cargo de desembargadora do TJ/AL. Em 02 de fevereiro de 2009, a desembargadora protagonizou mais um fato histórico, ao ser aclamada presidente da Corte estadual, tornando-se a primeira mulher a gerir os destinos do Poder Judiciário de Alagoas. É autora do livro Antologia dos Poetas Alagoanos (1974), além de ter publicado contos, crônicas e poemas em jornais de Maceió. Em 2007, lançou o livro de poemas Da Cor do Passado.

O primeiro processo concluído de impeachment de um governador brasileiro aconteceu em Alagoas, e ficou marcado como um dos episódios mais violentos da política nacional. A oposição em torno do então governador Muniz Falcão cresceu após a criação de um novo imposto sobre a produção de cana-de-açúcar no estado, o que desagradou diretamente a elite canavieira, muito influente na política local. Numa sexta-feira, 13 de setembro de 1957, o plenário da Assembleia Legislativa de Alagoas, composto por 22 deputados de oposição e 13 governistas, reuniu-se para a votação final do afastamento. Os parlamentares, que carregavam revólveres e metralhadoras, iniciaram um conflito em que foram disparados mais de mil tiros. Oito pessoas ficaram feridas, e o parlamentar Humberto Mendes foi morto. Concluída uma semana depois sem a presença dos deputados governistas, a votação que afastou Muniz Falcão foi considerada ilegal pelo Supremo Tribunal Federal. Posteriormente, Muniz Falcão foi absolvido do impeachment por uma comissão de deputados e desembargadores, e conseguiu voltar ao poder em 1958.

O historiador Geraldo de Majella fala sobre Silvestre Péricles de Góis Monteiro e o judiciário alagoano. Pertencente à aristocracia rural de Alagoas, a família Góis Monteiro desenvolveu seus domínios econômicos a partir do Engenho Guindaste, localizado na cidade de São Luiz do Quitunde, no norte do estado. O engenho foi vendido em 1911, quando parte da nova geração deixou Alagoas para seguir a carreira militar, ganhando posteriormente protagonismo na política nacional. Silvestre Péricles de Góis Monteiro (PNA) perdeu a eleição ao governo do estado de Alagoas para Osman Loureiro em 1935, num pleito descrito por Antônio Góis como “um funesto dia, em que a Praça D. Pedro II, onde se acha o edifício da antiga Câmara dos Deputados, parecia mais uma praça de guerra, todos os prédios circunvizinhos achavam-se repletos de cangaceiros e policiais armados de fuzis, rifles e metralhadoras”. Após o Estado Novo, Silvestre Péricles foi eleito deputado federal em 1945, e em 1947 derrotou o adversário Rui Palmeira (UDN/PCB), tornando-se finalmente governador de Alagoas. Enquanto o resto do Brasil vivia o período de redemocratização, em Alagoas sua gestão foi marcada por escandalosas arbitrariedades típicas de uma ditadura. A perseguição a parlamentares da União Democrática Nacional (UDN) culminou na prisão ilegal de três deputados do partido. Posteriormente, o advogado do grupo também foi preso. Durante seu governo, Silvestre Péricles comandou ameaças e ataques a desembargadores e ao prédio do Tribunal de Justiça, que teve suas paredes pichadas e vandalizadas com fezes. A hostilidade era tão severa que durante o período o poder Judiciário precisou deliberar em reuniões secretas. Os episódios foram relatados pelo desembargador Carlos de Gusmão no livro Boca da Grota: Reminiscências, publicado em 1970.

O pesquisador e arquivteto Sandro Gama fala sobre Giovanni Luigi Giuseppe Lucarini (1842–1907). Lucarinio nasceu na cidade de Lucca, na Itália. Estudou arquitetura na Academia de Belas Artes de Nápoles. Esteve como voluntário nos campos de batalha da Guerra de Unificação. Por volta de 1875, imigrou para o Brasil, onde se estabeleceu no estado de Alagoas por volta de 1875. Como arquiteto, ajudou a transformar a paisagem urbana do estado, em especial das cidades de Maceió e Penedo, na virada do século XIX para o século XX, trabalhando em diversos projetos públicos. São de sua autoria os projetos arquitetônicos de prédios ícones do estado, como Teatro Deodoro, Palácio Floriano Peixoto, Palácio da Independência e Tribunal de Justiça, em Maceió. Em Penedo, o Teatro Sete de Setembro.

O historiador Geraldo de Majella fala sobre o Golpe de Estado de 1964 em Alagoas. Um dos períodos mais infames da história do Brasil teve início em 31 de março de 1964, quando uma conspiração realizada por militares e por grupos de extrema direita, com apoio dos EUA, destituiu ilegalmente o governo de João Goulart (1918–1976). Internamente, o golpe foi motivado pelas reações às propostas de Goulart para realizar reformas de base, entre elas a já polêmica reforma agrária. Externamente, houve uma forte influência da CIA para tentar evitar outras revoluções comunistas, ao exemplo do que ocorrera em Cuba. Caracterizado por censura, sequestros e execuções cometidas por agentes do governo brasileiro, o regime militar no Brasil durou até o ano de 1985. Em Alagoas, vários políticos foram cassados, juízes e advogados foram perseguidos, e civis opositores ao governo foram mortos ou desaparecidos.